SABES OU NÃO?
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Ao Rei D. João III sucedeu D. Sebastião que morreu muito novo na batalha de Alcácer-Quibir, no Norte de África, sem ter deixado filhos, o que criou um problema para se encontrar o Rei seguinte. O assunto foi tão complicado que o Rei de Espanha dessa altura (Filipe II), neto de D. Manuel I, considerou ser o sucessor legítimo para a Coroa Portuguesa, o que veio a acontecer. Foi aclamado Rei de Portugal nas Cortes de Tomar, em 1581, no Convento de Cristo, como Filipe I. Foram três os reis espanhóis que governaram Portugal durante 60 anos (de 1580 a 1640), todos eles de nome Filipe (Filipe I, Filipe II e Filipe III), que investiram na Vila e no Convento, apesar de serem reis estrangeiros. No Convento de Cristo, terminaram Claustro Principal e construíram o chamado Portal Filipino para acesso à Enfermaria. Ainda para o Convento, e porque não havia água corrente fresca, mandaram erguer o Aqueduto dos Pegões, com mais de seis quilómetros de extensão, entre 1593 e 1613. A água trazida pelo aqueduto alimentava alimentava um lavabo situado na extremidade sul do Corredor do Cruzeiro e uma fonte no piso térreo (mais baixo; rés-do-chão) do Claustro Principal, ambos próximos dos acessos ao refeitório. Na Vila de Thomar, restauraram a Ermida de Nossa Senhora da Piedade e autorizaram a construção do Convento e Igreja de S. Francisco (de 1625 a 1660, concluído após a Restauração da Independência de Portugal) na Várzea Grande. Na Várzea também se encontra o Padrão Filipino comemorativo da sentença de Filipe III (1627) a favor do Povo de Tomar, no conflito com a Ordem de Cristo por causa da construção do Convento de S. Francisco: a Ordem de Cristo dizia que a Várzea Grande lhe pertencia, mas, na verdade, o rei D. Manuel tinha concedido aqueles terrenos ao Povo de Tomar. Em 1626, Filipe III decidiu criar uma grande feira no início do Outono, a época das passas e dos frutos secos. Essa feira foi dedicada à Santa Padroeira de Tomar e chamou-se, como ainda hoje é conhecida, a Feira de Santa Iria, ou Feira das Passas. Esta feira foi criada por Carta Real de Filipe III de 3 de outubro de 1626. Era uma feira de tendeiras, sirgueiros, sombreireiros, canastreiros, merceeiros, cordoeiros, ourives, sapateiros curtidores, oleiros, taberneiros, peixeiros, vendedores de legumes, de pão, de alhos, cebolas e esteiras de castanhas, de ferramentas e alfaias, de cestos, peneiras e varas, de caixotaria, de cobertores e de panos. A Feira de Santa Iria, como bem sabes, ainda hoje mantém a venda das passas (uvas, figos, pêssegos, ameixas), nozes e outros frutos secos pelos próprios produtores. Também há comércio de produtos, alfaias e máquinas agrícolas, automóveis, cerâmica, cestaria e artesanato, bem como as simpáticas diversões. Os dias mais importantes são 19, 20 e 21 de outubro. O dia 20 é o dia de Santa Iria. |
Texto da Carta de criação da Feira.
Repara como se escrevia:
Alvará de criação da Feira de Santa Iria – “Eu El-Rei o faço saber, aos que este Alvará virem, que havendo respeito ao que me apresentou por parte dos oficiais da Câmara da Vila de Tomar, hei por bem e me praz de conceder à dita Câmara que se possa fazer na dita Vila uma feira cada ano, por dia de Santa Iria, pagando-se nela os direitos de tudo o que se vender, pelo que mando ao Provedor da Comarca da dita Vila de Tomar o faça apregoar pelos lugares dela, e os mais indivíduos e pessoas a quem o conhecimento disto pertencer, não impidam fazer-se a dita Feira, pelo dito dia e cumpra-se e guarde-se este, como nele se contém, o qual valerá posto que há-de durar mais de um ano, sem embargo da Ordenação em contrário.”
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